quinta-feira, 2 de junho de 2011

No escuro

A cara do Brasil é colorida. A cara do Brasil são todas caras. Porra nenhuma! A cara do Brasil é de poucos. A cara do Brasil é de corrupção. Disciplinados pela incapacidade de respirar o ar sem poder ofegar, os brasileiros aspiram silenciosos. Como bons pupilos deixam pros seus netos a herança de povo pacífico, de país rico, de pessoas mudas de bom coração, de morte e caixão. A porra toda começou assim: roubando-nos, nos sugando as estranhas. Nós dávamos ouro e recebíamos espelho, nós trabalhávamos e recebíamos desrespeito. O Brasil não precisa de ouro, precisa de espelho! Que um gigante vidro refletivo pairasse sobre as bilhões de cabeças e lhes mostrasse o que acontece. Não são flores que sobressaem, são dores! Não são amores que sobressaem, são dores de novo. Deus deve chorar o carma triste do país mais adorado do mundo. O país saiu do controle das mãos até do grandioso. Hoje são meio cento de deuses que guiam. Não existe isso porra! Você quer mudar, você quer que seja diferente, não beije a boca que te escarra. São bilhões de pessoas de um lado e algumas dezenas do outro. Como podem todos se curvar diante da merda? Como existe dinheiro para alimentar uma cidade na mão de uma pessoa? Para isso criaram o estado, não é na mão de uma pessoa, esse estado empregará o dinheiro honestamente: “Um para você, um para mim, um para ele, outro para mim...” Chega! Não existe futuro de decência no andar dessa carruagem. Muitos já morreram por não agüentar respirar o mesmo ar podre que uns queriam lhe limitar. Mais vale a morte vivida, do que a vida “morrida”. Sua tevê de plasma não vale nada onde a cabeça do seu semelhante aparece solta sem corpo. Eu não gostaria de governar sozinho ou com a ajuda de poucos a milhares ou milhões de pessoas. Não existe coerência nisso. O Brasil merece o que passa. Porque quando se sai da merda, a primeira coisa que se faz é olhar para baixo e dar uma risada. De todas as cores, nenhuma se mistura com a outra. Tudo que se vê é vermelho. Ou melhor, tudo que não quero ver é o meu vermelho. Eu vejo o dele, o dela...ainda não é a minha vez, espero que não chegue logo. Eu preciso juntar mais algumas coisas antes. Chega de egoísmo! Que acomodados têm uma morte bem mais dolorosa e choram em morte quando poderiam chorar em vida. Chega de egoísmo!
As pessoas precisam criar voz. As ruas são públicas, as leis são de poucos. Quebremos as leis, povoemos as ruas. Matemos o prefeito, coroemos a cabeça da rua. De tanta indisciplina do outro lado, o Brasil precisa de resposta, o Brasil precisa de fogo nos pés de todos brasileiros. O Brasil precisa queimar junto. A solução não existe no tempo, só na revolta. Em comunidade como só um multicolorido, onde não se enxerga um só tom. O país dos índios precisa começar de novo, dessa vez sem ouro, dessa vez encima do morro. Precisa compartilhar o pão amassado. Precisa passar uns dias na casa do diabo. Começar do zero! Não se pode se acostumar a viver. À vida não se acostuma, que a vida se exprima em laços de matéria-prima. Matéria essa a mais abstrata. Não preciso mais que fogo, terra, ar e água. Eu preciso de qualquer lugar. Eu preciso do vento para me guiar. Eu preciso de alguém para amar. Não preciso de ter mais, eu preciso é ser, mas...as atribulações da rotina me ocupam até não restar nada de mim.
Uma cooperativa, sem nomes fundados, nem definições criadas. Sentir a veia aberta do outro seria boa política. Cada um sofre pelo outro. Quanto sofrimento! Não agüentaria nem um segundo esse intento. Morreria ali mesmo no cimento. Essa tem que ser a política, essas têm que ser as leis: siga-as e viva, descumpra e se contorça de dor alheia sentida. Era disso que os políticos do Brasil atual precisavam. Não prego a anarquia. Porque assim se restassem, não seriam mais que 10. Eu apóio a ferida como lição a ser aprendida. Eu apóio o dinheiro e abolição, rumo a liberdade um dia vendida. Eu prego a mudança do pensamento, para se mudar o sentimento, para só depois disso poder mudar a política. Novo regime político para antigas cabeças velhas não surtirão efeito algum. Apenas destruição, apenas multas e infrações, apenas penas. Penas de humanos voando. Do jeito que anda chegará um dia em que se comerá gente, se beberá sangue ainda quente. Quando todos os rios secarem, quando as árvores pararem de dar frutos e os animais, abençoados com a dádiva da não racionalidade forem recolhidos para não serem extintos. Só aí se saberá que não se pode comer dinheiro.
Elos de papeis verdes aprisionam. Dinheiro não manda trazer felicidade alguma. Dinheiro é a mais viciante substância psicoativa que inventaram. Basta pensá-lo e seu sorriso se exibe possuído. Desde que poder foi vinculado a dinheiro que o que era de gerar ganância se juntou a ela em forma materializada, o declínio foi certo. Já temos nossas brigas internas, nossas batalhas de exércitos enormes dentro de nós. Os de fora foram para dar as mãos. É deslumbrante como as costuras das mãos se formam e como uma mão se encaixa na outra, com a menor flexão dos músculos. Esses músculos a tanto enferrujados precisam de óleo. A engrenagem há tempos parada rangerá no começo, mas pegará no embalo. Rasguem os contratos, dê mais importância a seu pé que queima do que a seus sapatos. Por que nunca ninguém é feliz?
O céu coloria o dia de branco. As pessoas dentro de suas casas, atrás de vidros transparentes olhavam com atenção os tiros que soavam sem trégua. A esperança agora pairava no alto, que parasse de chover bala e fizesse um céu azul de verão, daqueles sem nuvem alguma para guardar morte nenhuma. Essa esperança só lá chegou tão alto por antes ter passado por baixo, muito baixo.









~texto para ester

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