quinta-feira, 14 de maio de 2015

escrever sem saída
escrever
pondo a cabeça de fora em cada boca de lobo
escrever em cracas, perebas, corpos que moram em outros corpos
escrever
dos pingos da mucosa quando escorrem pela pele
carregando o queixo, os segundos, aquele mundo
a fome ouve longe

come todos os meus destinos

mistura todos os meus sentidos

vou por aqui

é porque nunca saí da pista

como rapina

voa e machuca o céu

vocês todos vão pra lá

todo caminho que passe

vão!vão tomar conta do seu diabo

eu sou o meu

saiam pra lá

não me olhem como um palhaço

são vocês que bebem de bandeija timbrada

armários conservas

com afetos que já foram puros

e hoje batizados em gasolina do hábito

o trajeto

a caminho do açougue

que fica na praça

e as outras casas comerciais

que vendem chaves viciadas

eu prefiro o esquecimento

confundir epitáfios e ossos

do que bater a minha escápula na sua

cuspamos tudo isso no chão

por que temos que fazer uma poça?

vá vá

pisem na pedra

me pulem
distância

onde

estando estando

rodo

aqui

       sempre

       aqui

diz tanto
que a tristeza
seja
sem agonia

por que
o triz teso
se jazem
agorinhas
?
escrever atééé
escrever até
tudo que digo
é
escrever até
tudo que digo
até
é
mas não faz diferença