terça-feira, 17 de maio de 2011

Carta de desabafo a um estranho

Prezada Úrsula Bacamarte


Fiquei muito contente hoje com Angélica nos ter apresentado. Tenho 21 anos e faço jornalismo. E entendendo um pouco como tudo é muito escorregadio, como mais que o plano de um governo cheio de brechas, não há algo dentro daqueles corpos que andam, falam e comem e dormem. Me pergunto a que ponto o egoísmo chegou, até que ponto o costume mudou toda uma montanha infindável de cabeças no ar. Até que ponto chegamos a acumular bens materiais mais que sensações e consciência limpa. Até que ponto cegos, vetados de possuir um pouco de alma, de ver qualquer coisa que seja verdadeira e chorar sem motivo, só pra lavar. Acho que é isso, chorar pela batalha de ontem, pela batalha de hoje e de antecipação pela que virá. Acho que quando gargalho de chorar e derramo gotas espessas são pelas longas que ainda virão. Preciso sair desse mundo, ficar à parte desse chão que me tira os passos. Preciso caminhar antes de me encostar numa rede no litoral e viver de livros e brisa, e eu sei disso. Por isso preciso me sentir vivo. E eu sei que o problema está com quem não sente nada disso. Mais do que as lições e teoria na faculdade. Sou muito perdido, esse é o meu defeito, sou perdido num tempo longínquo, não me situo, na verdade nem sei me relacionar com pessoas direito. Sou o anti-social mais sociável que conheço, apenas confuso e confesso que louco, ou eles seriam os loucos? Já deve ter se tornado comum pra mim pensar que eu sou louco, só agora me dei conta. Eles são os loucos. Vamos morrer e ter algo pelo que viver. E mostremos a que carregamos sangue no corpo, para derramar e não para dizer que é vermelho. Uma hora eles nascem pedra. Uma hora muda. Ah, muda!!

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