domingo, 28 de junho de 2015

o álbum de fotos, disfarce de angústia
fantasia do tempo em conter momentos
que nunca param

falhos álbuns de fotografias
nem pegaram o meu nariz entupido das rochas poeirentas, nem o dedo sem assepsia que apertou o botão
nem pior ainda
prenderam a respiração do momento morto

corre o solto dente branco, o sinal do dedo, a garatuja na parede do outro lado

o álbum me poupa do espelho
me tira o extrato e põe a cozinhar ao sol
vermelhizo até o cinza
depois branqueio as páginas por não ter pra onde ir
quando finalmente os filhos dos filhos morrerem
e eu já nem andar pelas bocas dos bichos que comem e são iguais ao seu rastro
o pó

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