domingo, 28 de junho de 2015

sento e espero pelo nada
tempo
apaga

sento e espero
tempo


sento
apaga

as vozes e alaridos quase distraem
mas não incomodam
o estômago ameaça
e se cala na resposta do jantar
vou querer ovo!

sento e espero
que o papel encurte
que os assuntos voem
que as letras enfeiem
sento e espero pela primeira linha
quando a sós respirava o ar safo e parado do balão de cordas bem amarradas e
rente ao chão

sento e espero que dê em abobrinhas, é só teste, eu nunca mandei nas palavras, e não preciso de coisa alguma daqui pra trás

tiro a dobradura do papel

os cavalos escritos vão saltando e passam por cima de legumes da lista que eu preparei pra ir ao mercado
os alimentos
escassos
escassos
escassos, a bic entorna outra dose e se põe a golfar, resoluta a morrer escrevendo

eu sentado espero aquele catatau se desmanchar
prendo mais uma vez a bunda no balão e vou comer ovo

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