segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Escrita à fumaça em corrente de ar

Eu não escrevo porque quero
Eu só escrevo porque espero
Eu só espero escrever.

Eu só escrevo que espero
o som da tinta na ponta de ferro
a sós alenta o meu “sou” todo.

Eu não escrevo, ai credo!
Eu só aguento a conta do meu prego
Eu não escrevo porque vou pro céu.

Eu só escrevo porque tenho pele
Trêmula]
Ao pé de alguém que alimenta
A fama.

Ai que ódio!
É você que tá escrevendo em mim
Eu só ia te pedir mais um trago.

Com ou contra naturalidade

É agonia, angústia
drama, vaidade.
A gente envelhece?

Com tanto defeito
eu nem ajudo
ninguém.

Eu só tenho feito letras
e segurado o meu bicho
de bem.

Mas letras também
formam
[más palavras
também formam
boa pessoa.

É tudo capricho
É indiferente pra mim
modelar garrancho demais
mas eu não consigo viver sem.